Obesidade infantil aumenta com o isolamento social

O isolamento social – necessário para conter a pandemia de covid-19 – contribuiu para causar (ou agravar) outros problemas de saúde. Já falamos aqui sobre a saúde mental da família na quarentena, o impacto do distanciamento para as crianças, e muitos outros temas relacionados ao coronavírus. Agora, mais uma consequência desses meses de isolamento é levantada. Um artigo publicado recentemente pelo Jornal de Pediatria aponta o aumento dos índices de obesidade infantil. No Brasil, mais de 30% de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estão com excesso de peso.
Uma série de fatores interligados ocasionou o problema: escolas fechadas, restrições em sair de casa, falta de exercícios e atividades que gastem energia, além da ingestão de alimentos com baixa qualidade nutricional, em grandes proporções e mais vezes ao dia (afinal, o tédio dá vontade de comer, não é mesmo?). Somado a isso, claro, o maior tempo de exposição às telas. “A grande verdade é que as crianças são as mais afetadas pelas medidas de isolamento social”, disse o médico Carlos Nogueira, um dos pesquisadores do artigo, em reportagem à CNN Brasil.
Um estudo da University at Buffalo, nos Estados Unidos, também avaliou o impacto do isolamento social na rotina das crianças. E, embora não se discuta a necessidade do confinamento diante da pandemia, seu efeito foi devastador. Em média, durante o período em casa, a garotada consumiu uma refeição a mais por dia, passou a dormir 30 minutos a mais a cada noite e a gastar 5 horas a mais da jornada com os olhos grudados no celular, computador ou televisão. O consumo de bebidas açucaradas e “junk food” também aumentou. Por outro lado, o tempo de atividade física diminuiu em duas horas por semana.
Os pesquisadores entrevistaram 41 crianças e adolescentes com obesidade em Verona, na Itália, que já estavam participando de um estudo de longo prazo. As informações sobre o estilo de vida relacionadas a dieta, atividade e sono foram coletadas durante as três semanas de bloqueio nacional obrigatório da Itália. E, depois, comparadas aos dados levantados em 2019. “A trágica pandemia de covid-19 tem efeitos colaterais que vão além da infecção viral direta”, disse Myles Faith, especialista em obesidade infantil da UB e coautor do estudo. “Os ambientes escolares fornecem estrutura e rotina em torno do horário das refeições, atividades físicas e sono – três fatores de estilo de vida predominantes implicados no risco de obesidade,” diz Faith.
A possibilidade de aumento de peso em crianças e adolescentes já era uma preocupação entre a comunidade médica lá no começo da pandemia. Em abril, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma nota de alerta para orientar pediatras intitulada “Obesidade em crianças e adolescentes e covid-19”, principalmente porque o excesso de peso pode piorar quadros de infecção do novo coronavírus. Mas, para o médico Carlos Nogueira, perdeu-se a “oportunidade de tomar atitudes” no início da pandemia para minimizar os prejuízos em crianças neste período. “Nós deveríamos ter tido campanhas de como agir com os filhos em relação à alimentação e à obesidade nesse período de pandemia, mas não vimos isso”, afirmou à CNN.
5 dicas para prevenir a obesidade infantil durante a quarentena
- Já reparou que a criança copia constantemente os gestos e palavras dos adultos? Isso vale para os hábitos – bons e ruins. A alimentação saudável da criança começa pela alimentação saudável dos adultos com os quais ela convive.
- Criança segue rotina. Ponto importante para a alimentação também. Por isso, é essencial manter manter horários regulares de alimentação e não pular refeições. Ofereça sempre, pelo menos, café da manhã, almoço e jantar.
- O melhor jeito de reduzir doces, salgadinhos, sucos industrializados e outras tranqueiras é simplesmente não ter essas coisas em casa. Pense nisso toda vez que fizer sua lista de compras.
- Vontade de comer nem sempre é fome. Observe se a criança não está falando que está com fome simplesmente porque está entediada. Afinal, nós, adultos, também temos esses desejos de beliscar alguma coisa só por tédio ou ansiedade.
- Faça refeições principais completas, com todos os grupos de nutrientes: carboidratos, proteínas e gorduras. E inclua a criança no preparo das refeições, do planejamento do cardápio à hora de colocar a mesa. E também na arrumação posterior: colocar os pratos na pia ou lava-louça, bater a toalha etc. As crianças gostam se sentir úteis e incluídas nas atividades.
No site bebe.com.br, há mais dicas interessantes para combater a obesidade infantil na quarentena.